terça-feira, 29 de março de 2011

satélite

primeira tentativa americana, o modesto Vanguard 1, lançado em dezembro, foi um fracasso vergonhoso, o que levou o satélite dos Estados Unidos a ganhar o apelido "flopnik". ("Flop" quer dizer fracasso).
A nova tentativa seria realizada com um foguete construído com base na tecnologia dos V-2 alemães da Segunda Guerra Mundial, mas com estágios superiores desenvolvidos com tecnologia americana, para conduzir o esguio Explorer, um veículo em formato de projétil balístico, ao espaço. O lançamento, do Cabo Canaveral, Flórida, pareceu bom. E isso já representava progresso, porque o foguete que propelia o Vanguard se desativou nos primeiros metros, levando o aparelho a cair e explodir diante das câmeras de TV.
Mas os controladores de vôo esperaram até cansar por um sinal de que o Explorer havia entrado em órbita. Na época, as antenas de acompanhamento eram escassas, e os sistemas de comunicação nada confiáveis. Só depois que o satélite havia praticamente concluído sua primeira volta em torno do planeta os primeiros sinais foram recebidos, por rádio-amadores que estavam em alerta na região de Los Angeles.
A notícia era positiva. Os dirigentes do projeto Explorer, que estavam aguardando os resultados em Washington, correram à sede da Academia Nacional de Ciências para anunciar que os Estados Unidos haviam respondido com sucesso ao desafio soviético. A corrida espacial havia começado.
Em uma entrevista coletiva às 2h, os três líderes - Wernher von Braun, o criador do foguete; William Pickering, diretor do laboratório que construiu o satélite; e James Van Allen, o diretor científico do projeto- ergueram uma cópia do Explorer como um troféu de vitória, para uma foto que veio a simbolizar a chegada do país ao espaço.
"Muitos elementos se uniram para criar aquela imagem marcante", escreve Steven Dick, historiador chefe da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa). Havia as pessoas, a tecnologia e, como ele aponta, a mídia, "presente no conhecimento de que o evento certamente teria proporções históricas".
Para os Estados Unidos, foi o início de meio século de vôos espaciais, ele acrescenta, que podem ter desapontado os visionários otimistas mas inspiraram outras pessoas, apesar de terem atraído críticas como "desvio de recursos que seriam mais bem utilizados na solução dos problemas do planeta".
Em ensaio publicado no site da Nasa em celebração do aniversário do Explorer, Dick concluiu que "como as ferrovias e os aviões, o vôo espacial afetou a sociedade de maneiras que nem mesmo os visionários poderiam ter previsto, e que ainda hoje é impossível avaliar de todo".
Só as pessoas que viveram a era da guerra fria conhecem a ansiedade de um mundo sob ameaça de destruição em massa. Ninguém era capaz de prever o desfecho do conflito entre as duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética. As pessoas temiam o pior, e o pânico causado pelo Sputnik gerou uma situação ainda mais quente.
Na verdade, quando o primeiro Sputnik foi testado, uma equipe de desenvolvimento de mísseis do exército americano em Huntsville, Alabama, tinha em estoque um foguete que, de acordo com seus líderes, poderia ter colocado um satélite em órbita antes dos russos, caso o governo não tivesse proibido seu uso para essa finalidade. Quando surgiu a notícia do Sputnik, Von Braun, o alemão que liderava a equipe de engenheiros, implorou a um funcionário do Departamento de Defesa: "Pelo amor de Deus, nos deixe trabalhar e fazer alguma coisa!"

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